Saudade: 1. pedaço de tempo após a despedida; 2. ausência de covinhas; 3. motivo de voltar; 4.urgência do que já foi embora; 5. oposto de esquecimento; 6. fusão da lembrança com a vontade; 7. sinônimo de melancolia; 8. antônimo de indiferença; 9. necessidade de serenatas; 10. inspiração dos poetas; 11. estrofe dos sentidos impressa na alma; 12. visita invisível de quem partiu (ficando).
3 de abril de 2013
2 de abril de 2013
14 de janeiro de 2013
1 de janeiro de 2013
Coisas de Angélica.
Há quem passe reveillon com fogos de artifício por fora e
nenhuma explosão por dentro. Estar feliz artificialmente não é pra mim. Nunca
suportei nem ser lida de forma rasa, por gente que não tem profundidade nos
olhos. O momento me escreve e eu a ele. Nesse ano que termina, eu segui
caminhos escorregadios e traiçoeiros, mas Clarice é muito sábia quando diz: “Perder-se
também é caminho”. Foi errando os passos, que percebi qual era a estrada de
terra firme e cheia de luz. Tive na vida muitos encontros e muitas despedidas (quem
me conhece sabe disso). Às vezes a saudade se disfarça de sorriso só pra nos
proteger. Saudade é coisa profunda em mim. Mas os afetos, eles sim me preenchem. Os afetos vão longe e eu também. Mas prefiro ir longe a ser alguém com a porta
aberta e que ainda assim se sente aprisionada. Alguém com medo de sair e se perder,
sem se dar conta de que já está. Manuel Bandeira tem razão. "O que não
tenho e desejo... É o que melhor me enriquece..." A busca nos move. A expectativa, o desejado, o não alcançado. Aprendi
desde pequena que não é certo empurrar. Seja pessoa, coisas a fazer e menos
ainda os sentimentos. A amarga doçura de procurar até encontrar. Sou movida por
seguir... Foi assim que sobrevivi. Foi querendo as exceções. O querer não pode
transformar-se jamais em “tem que ser assim”. O sentir também não. Sentir não
pode ter vias obrigatórias, ninguém sente porque tem ou porque é melhor assim. “Em
quem você pensa logo ao acordar, antes mesmo de abrir os olhos e saber-se vivo
(a)?” Se você não esta do lado da sua resposta é porque está no lugar errado. “Nunca
desista de alguém que você não consegue passar um dia sem pensar”. O pensamento
nos despe despudoradamente. A gente pode até não falar, mas pensa. Não telefonar,
mas pensa. Não ir procurar, mas pensa. É a famosa sede-de-estar-pertinho. É incrível
como mexe conosco. É uma ansiedade que nos faz engordar. Uma tristeza que nos
faz emagrecer e uma felicidade que faz a gente se sentir linda estando magra ou
gorda. Hoje me pergunto: quando a gente se joga no abismo de olhos fechados é por
coragem ou medo de abrir? No tsunami do envolvimento, nunca nos apresentam o
meio termo. Nada morno tem graça mesmo, pelo menos não pra mim. Tenho um jeito bem peculiar de enxergar a
vida. Um jeito só meu. É por isso que talho palavras com os dedos. Começo textos
novos como quem se dá a chance de viver tudo outra vez. Mas a vida não tem como
programar, pelo menos não efetivamente. Não há garantias e às vezes por mais
que a gente corra muito atrás, precisamos respirar fundo e sossegar. Já dizia Guimarães
Rosa: “esperar nada é, a meu ver - e pelo menos hoje, agora, amanhã já não sei
- o melhor a se fazer.” Porque sentir não tem precisão, que dirá pressa.